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Um povo de incongruências.

Por Luiza Magalhães

O potencial do povo brasileiro é inegável, assim como a sua atual incapacidade de conscientização massiva. O gigante acordou, em Junho de 2013, sufocado pelo spray de pimenta e assustado com o barulho das "bombas de efeito moral", diante disso, uma série de mobilizações pelas ruas de uma lista generosa de cidades pelo país aconteceram e, momentaneamente, contaminaram grande parte dos cidadãos com esperança.

Contudo, tamanho esforço fora esquecido no instante mais inoportuno, de maneira mais contraditória, e acabou por começar a se tornar o fardo mais pesado para a população. É, no mínimo, incoerente observar a rápida dissolução da matriz desse movimento quando lê-se a notícia de que as próximas genialidades a ocuparem as cadeiras do Congresso vão de Bolsonaro até Alckmin, passando por Marcos Feliciano e Luis Carlos Heinze. Isso sem contar com as duas opções para presidente no 2º turno, e as justificativas das pessoas que, mesmo não pertencendo à classe alta, preferem ver Aécio Neves comemorando a vitória. Mas ainda durante esta semana, quando todas as notícias anteriores vieram à tona, milhares de comentários, baseados no racismo regional, foram feitos no Twitter em relação aos nordestinos.

Primeiramente, voltando ao ano passado e relacionando-o com o presente, como o mesmo povo que erguia cartazes contra a PEC-37, pode reservar um espaço na banca de deputados para a mente por trás do mesmo projeto homofóbico? O respeito aos direitos humanos independe da escolha ou "opinião" de qualquer ser existente, ou representação de um imaginário, e muito menos de discursos de ódio. A repulsa à liberdade sexual agora caracteriza parte do Congresso Nacional, a outra é formada por aqueles que fazem apologia à tortura e ao extermínio dos indígenas. A carência de bom senso das pessoas possibilitou um conservadorismo tão forte quanto o dos anos de chumbo.

Aristoteles afirmou a natureza política do ser humano, assim como a necessidade do mesmo da convivência em meio social, exercendo a justiça, a prudência, tudo em prol do bem comum. Mesmo com esse conceito, o que resulta da primeira parte das eleições prova que acontece o contrário: não se compreende/respeita a coletividade. Um país de todos não pode ser governado por alguém que represente poucos. Por isso, nesse caso, o posicionamento de diversas figuras políticas a favor da Dilma faz-se real porque, mesmo sendo membros das classes média ou média alta, a consciência em relação à pobreza, e à necessidade de espaço aos pobres, não deixa de ser um grande foco.

Depois disso, e por fim, a respeito das acusações feitas por partes dos "urbanos civilizados e críticos" em relação aos "responsáveis pelo atraso do Brasil", pode-se afirmar o desequilíbrio dos cidadãos consigo mesmos. Uma nação, mesmo que formada por tantas outras, não pode se declarar desunida, permitir discriminações e criar uma hierarquia que se estende desde os limites regionais até a cor da pele. Só a luta muda a vida e por isso, não, o passivismo, em conjunto com a segregação e a ignorância, jamais permitirá qualquer mudança efetiva na realidade brasileira. Consentir com o individualismo é provar a visão simplista do próprio povo em relação a si, ou pior, corroborar o desinteresse quanto ao dever das pessoas com o país.

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