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Liberdade para Rafael Braga Vieira!


Por Lavínia Bárbara

Rafael Braga Vieira é o único dos 24 presos em protestos que ainda não foi libertado. Ele não adotava tática black bloc. Ele não pertence a uma organização anarquista. Não possui amigos influentes que o defendam, pois é morador de rua. Foi preso no dia 20 de junho de 2013 no Rio de Janeiro, sob alegação de portar material explosivo e incendiário durante uma manifestação.

Em seu depoimento, Vieira narra que estava indo encontrar uma tia quando foi abordado por aproximadamente dez policiais, de maneira agressiva, que acharam com ele água sanitária e desinfetante Pinho Sol , que seriam usadas para limpar as latinhas que catava e o local que dormia. Todo o inquérito baseia-se na existência de duas garrafas plásticas sob a posse de Rafael, cujo intuito de sua utilização é suposto pelos responsáveis pelas investigações, sem nenhum outro indício, sendo inclusive colocado no laudo técnico que ambas possuíam aptidão mínima para funcionar como material incendiário.

Quando o caso chegou ao Ministério Público, as garrafas foram descritas pelo promotor responsável pela acusação como “material incendiário”. Até que o juiz Guilherem Schilling Pollo Duarte determinou que “uma das garrafas tinha mínima aptidão para funcionar como coquetel molotov” e condenou Rafael a quase seis anos de prisão.

Os grupos de manifestantes que chegaram até a ir para a porta do presídio exigir a liberação de Jair Seixas Rodrigues, parecem ter se esquecido que Rafael também está preso por conta das manifestações. “Nunca tive contato com nenhum manifestante aqui dentro. Nem faço ideia do motivo porque eles se manifestam. Só sei que fui preso e estou condenado,” disse Vieira, que conta que recebeu poucas visitas até mesmo dos advogados que atuam na liberação de manifestantes presos.

Há quase um ano Rafael não tem notícias da família. Vive em uma ala da prisão junto com criminosos da facção que atua na comunidade onde sua família vive, diz a polícia que é para garantir sua segurança. O rapaz diz sonhar com um dia em que alguém irá cuidar do caso dele com atenção para que ele consiga sua liberdade e possa, então, continuar seu trabalho na feirinha da Praça XV.

O direito precisa ser igual para todos. Os que estão fora da prisão nem se quer provaram sua inocência, por que seria diferente com Rafael? Será que é porque o negro ainda carrega o estigma de bandido e criminoso no país mais hipócrita do mundo? O que o Estado precisa entender é que não basta só forçar ações afirmativas, enquanto cntinuar insistindo em combater, apenas com análises, um inimigo difuso, vamos continuar combatendo moinhos de vento e injustiça.

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